quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Perdoa-me por me traíres, BBB





Esse BBB está virando novela de Nelson Rodrigues (e escreveu novela, seu asno?).

E não é que Nelson Rodrigues falou que não é o grande ator ou atriz que tem a vocação dramática. Estes são apenas gatinhos comparados ao Rei Leão: o canastrão.
Está em cena como um búfalo da ilha de Marajó.  É capaz de tudo.  Sobe pelas paredes, pendura-se no lustre e, se duvidarem, é capaz de comer o cenário.  Por isso mesmo, chega mais depressa ao coração do povo, deslumbra e fanatiza a platéia. (RODRIGUES, 1993, p. 63)
Quem será o canastrão de 2017? Ilmar? Doc inho (agora inho inho)? Ou seria a menina Emilly? Ou as notas de 3 reais Elis e Roberta?

Verdade que dentro de nosso Infinito Particular, és o melhor e o pior de mim, a pequenina ou a gigante só não se perca ao entrar. (Tá falando da Emilly, coelho?). Estou falando de nós: eu e tu. O BBB é o que nos impede de coexistir e transcender ao nosso infinito.

Morbidez?  Sensacionalismo?  Não.  E explico: a ficção, para ser purificadora, precisa ser atroz.  O personagem é vil, para que não o sejamos.  Ele realiza a miséria inconfessa de cada um de nós.  A partir do momento em que Ana Karenina, ou Bovary, trai, muitas senhoras da vida real deixarão de fazê-lo.  No "Crime e Castigo", Raskolnikov mata uma velha e, no mesmo instante, o ódio social que fermenta em nós estará diminuído, aplacado.  Ele matou por todos.  E, no teatro, que é mais plástico, direto, e de um impacto tão mais puro, esse fenômeno de transferência torna-se mais válido.  Para salvar a platéia, é preciso encher o palco de assassinos, de adúlteros, de insanos e, em suma, de uma rajada de monstros.  São os nossos monstros, dos quais eventualmente nos libertamos, para depois recriá-los.
E no BBB17 temos Glorinha, a Madame Luberta, o Tio Raul e quem mais quiseres para uma peça montar. As personagens estão dispostas em um tabuleiro real. Que tal brincarmos de constelações familiares?

Não quero aqui expor feridas nem tampouco fazer catarse nessapoha. O intuito é só mostrar que nesse jogo não tem heroi ou bandido (MACACO, não evoque o nome bandida. A bichinha não merece).

Ha algumas semanas atrás apontei que Vivian ficando reverteria o jogo. Penso que ela está conseguindo. O azar da dama de amarelo (o grifo amarelo é homenagem?) foi a liderança da mesma semana e a estratégia equivocada de querer viver o BBB em um dia. Montar casal com o possível eliminado é pedir para ser eliminado se o cara se for ou se ficar. Resultado tautológico de uma lógica distorcida.

Mas foi pior: a juventude a trouxe para berlinda e sua inteligência acima da média (pena que precisa dividir por dois) e o pseudo conhecimento de BBB anteriores viram em Doutor Marcos a vítima perfeita. E com essa percepção tentaram defenestrar o canastrão com um discurso muito pesado que praticamente a alienou do jogo. - Vale um comentário: na primeira semana Docnastrão era um ativo tóxico para os participantes. O riquinho com jeito de playboy tarado atacando para todo lado. Quem seguiria do lado dele? Qualquer mulher que se aproximasse seria chamada de interesseira...ou não seria?

A sorte virou e ela praticamente ganhou mais uma semana de vida nesse BBB (Manoel será o líder e se for triplo será emparedado). A moça se derem tempo para trabalhar será a surpresa da edição.

E  como não poderia deixar de ser toda unanimidade é burra e toda nudez será castigada. E querem mais nudez do que Elis, Roberta e Emilly?
(Desisti de publicar a paródia Perdoa-me por me traíres, BBB porque o enredo das personagens poderia ser mal interpretado. E em terra de politicamente quem não tem cérebro é rei)

THE GAME MUST GO ON