terça-feira, 8 de março de 2016

Paredão 6 - Dia Internacional da Mulher


Parabéns, Mulheres!




No Dia Internacional da Mulher poderia homenageá-las com uma rosa.

Mas a rosa está cansada, cansativa. De tão flor criou espinho que não mais protege só a fere. No cacófato dá medida e em espasmo perdeu a mão.

Onde está a Rosa bonita que encantava o meu jardim? Viajou pra muito longe em um cometa. Se perdeu noutro planeta. Hoje é puro espinho a maltratar seu príncipezim.

Mas hoje não tem rima forçada, não tem beijo roubado, não tem ode apocalíptica desses homens sem coragem. Não tem sorriso irônico, não tem bebedeira tosca. Não tem risco, não tem choro, nem tem história triste. Não tem dente, nem cabelo, não tem água, nem chuveiro. Não hoje não tem. Não tem abuso, nem grosseria, nem falsidade, nem mentira. Não se lava carro hoje. Não, hoje homem não tem vez. Se é que é homem quem se esconde atrás da mulher como ele fez.

Hoje é dia de Halfeti. Sua beleza exuberante e diferente. O cultivo de seu caule requer energia. Dura e forte a flor contente. Soa nobre a sua fala com uma mensagem cifrada. Se entenderes tu te calas.

Oh! Como falar de flores em um jardim tão belo. Chamo o velho Vinícius:

Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso
Qualquer coisa de dança, 
qualquer coisa de haute couture
Em tudo isso (ou então
Que a mulher se socialize 
elegantemente em azul, 
como na República Popular Chinesa).
...
Adquira de vez em quando essa cor só 
encontrável no terceiro minuto da aurora.
É preciso que tudo isso seja sem ser, mas 
que se reflita e desabroche
...
Alguma coisa além da carne: que se os toque
Como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro
Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e 
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem
Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então
...
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios
Sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca
...
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição
Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável

Vem, Adélia embelezar nossa selva de pedra.